Na Universidade Católica Dom Bosco (UCDB), em Campo Grande, MS, as aulas são ministradas em português. Mas no laboratório de informática do Projeto Rede de Saberes e nos corredores da universidade também é possível ouvir conversas nas línguas Terena, Xavante, Bororo e Kadiwéu. Embora o português seja o idioma oficial do Brasil, estima-se que atualmente também sejam faladas 180 línguas indígenas no país.
O Rede de Saberes é um projeto de apoio à permanência de indígenas no ensino superior viabilizado com recursos da Fundação Ford. Teve início em 2005 e é uma parceria entre a UCDB por meio do Núcleo de Estudos e Pesquisas das Populações Indígenas (NEPPI), a Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul (UEMS), a Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD) e a Universidade Federal de Mato Grosso do Sul de Aquidauana (UFMS). Ele estimula e orienta a iniciação científica, oferece cursos de extensão e monitorias e disponibiliza o uso de laboratórios de informática para os participantes.
Na Católica, o projeto é coordenado pela professora Eva Ferreira e atualmente atende 95 acadêmicos indígenas de quatro etnias do Mato Grosso do Sul e Mato Grosso que estão matriculados nos mais variados cursos, de Fisioterapia à Ciência da Computação.
Uma das monitorias oferecidas pela Rede de Saberes é de Língua Portuguesa. Ministradas pela professora Célia Cristina da Silva, as atividades ajudam os estudantes a compreender um idioma que, em muitos casos, é a segunda língua. “Para alguns é mais tranquilo, a dificuldade está apenas na abordagem acadêmica ou no fato de que estudou em uma escola mais ‘fraca’. Mas para outros, que têm muito menos convivência com o português, a dificuldade é a mesma que nós temos para aprender uma língua estrangeira”, explica a professora.
As aulas são diferenciadas. Os acadêmicos começam fazendo leituras para enriquecer o vocabulário, conhecer novas palavras e exercitar a compreensão dos textos. Depois, eles produzem pequenos textos e por fim fazem a correção, entrando em contato com a gramática. A professora afirma que os encontros são muito positivos e considera que também aprende muito “trabalhar com essas monitorias é muito gratificante. As aulas são uma troca cultural”, descreve.
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