Síria: Apenas um homem, Dom Bosco, é capaz de fazer tantas pessoas felizes

Quarta, 29 Agosto 2018 12:06 Escrito por  Mariangela Branca - ANS
Mariangela Branca, 23 anos, é proveniente de Roma, capital da Itália. Durante os meses de julho, agosto e setembro, ela participou de um projeto de voluntariado missionário no oratório salesiano de Kafroun, na Síria. A seguir, compartilhamos alguns trechos dos relatos sobre essa experiência, feitos pela jovem à Agência InfoSalesiana (ANS).    

“Benvenuta, you are welcome here! Welcome Mella, welcome!”. Estas foram as primeiras palavras que ouvi no oratório salesiano de Kafroun, na Síria, fronteira com o Líbano. Para demonstrar afeto, as crianças e jovens não se cansam de dizer “I love you!”. Um grupinho também se diverte me ensinando alguma coisa em árabe. Sou realmente uma pessoa de sorte.

 

Cerca de 250 crianças e uns 30 animadores vieram para as atividades de férias (na Síria, as férias escolares de verão são em agosto). Muitos vêm das zonas de guerra: Ohms, Alepo, Damasco. Ouço com frequência: “A minha casa não existe mais, caiu uma bomba em cima. Por sorte, já tínhamos saído”... Nestes anos de guerra, em Alepo, repete-se muito que “pelo que vi, que vivi, se não tivesse muita confiança em Deus, eu teria me suicidado”.

 

A fé é fundamental. Pergunto-me frequentemente o que posso fazer aqui, com quatro palavras de árabe que conheço e poucas habilidades. Fé, devo ter fé, repito para mim mesma. Se Deus quis que estivesse aqui, certamente há um motivo... Devo aprender da fé e da esperança das pessoas que encontro! E quando mais tenho necessidade disso, chega um “obrigado pela tua presença”.

 

A linguagem do coração

“Você parece uma de nós!”, dizem-me. A pele morena e os cabelos negros e cacheados me ajudam a criar empatia com as pessoas. Divirto-me dizendo “Ana surija halla!”, “Sou síria, agora!”.

 

Para alguns jovens, que haviam se preparado para a experiência de um mês no oratório salesiano de Madri, foi recusado o visto para a Espanha. São muito melhores do que eu em não demonstrar desilusão: “malesh”, tudo bem! “Por que você pode vir aqui e nós não podemos ir à Europa?”. Eu também sempre me pergunto...

 

Aqui vive um Salesiano italiano, padre Luciano, há quase 50 anos no Oriente Médio; e há também um Salesiano tirocinante, Mhran, sírio, mas que fala italiano perfeitamente; e nos entendemos também com Jhonny e Georgette, Salesianos Cooperadores. O resto é feito com um pouco de inglês, alguma frase minha estropiada de árabe e a beleza de falar com os olhos, com os gestos e com o coração. Não é preciso falar a mesma língua para nos entendermos.

 

O Oratório de Kafroun

Esta obra salesiana é realmente impressionante; foi ampliada com novos terraços, ganhando mais potencial, com muito espaço ao ar livre, entre os parques e o jardim. Quando cheguei aqui, em meados de julho, me deu a impressão de estar em um pequeno paraíso tranquilo em meio às montanhas.

 

Conversei com alguns animadores para saber como eles vivem o oratório e como veem a presença de Dom Bosco neste contexto: eles me explicaram que o oratório é fundamental para a união entre as crianças das aldeias vizinhas. A região não foi atingida diretamente pela guerra, mas sofreu consequências indiretas tais como a falta de eletricidade, a falta de água e o aumento desproporcional nos preços para os itens de primeira necessidade.

 

Me disseram também que, durante a guerra, tinham muito medo de que os conflitos os atingissem, porque sabiam que a situação poderia mudar a qualquer momento. Por isso os jovens do oratório se referem a esta obra como a sua segunda casa, uma casa onde se sentiram protegidos durante os conflitos e, até hoje, um lugar onde é possível esquecer os medos e os horrores.

 

Local de paz

Esta área é um lugar de paz, e serviu como refúgio para muitas pessoas que, provenientes das áreas mais afetadas não muito distantes (Aleppo, Homs, Damasco, Idlib etc.), foram temporariamente transferidas para cá. Essa “onda” de pessoas de outras cidades desestabilizou um pouco a vida cotidiana da obra, mas foi muito bem recebida pela pequena população do lugar, uma vez que conheciam os horrores dos quais seus compatriotas estavam fugindo. Naquele momento formou-se uma comunidade: alguns animadores a chamaram de “Pequena Síria”, já que era possível encontrar pessoas de qualquer parte do país.

 

Para a obra, que normalmente acolhia cerca de 150 crianças e passou a acomodar mais de 600, os ensinamentos de Dom Bosco foram muito importantes. Principalmente no início, quando não era fácil envolver todas as crianças nas atividades, já que muitas delas estavam nervosas ou inquietas pelas experiências traumáticas pelas quais passaram. Realmente o trabalho deste lugar foi milagroso e cicatrizou muitas feridas. Todos são gratos ao Dom Bosco Kafroun.

 

Há tanta esperança neste povo, visível nas reconstruções, já iniciadas em muitas cidades como Aleppo. Eu vejo a luz da esperança para o futuro, mesmo que às vezes um pouco tímida, nos olhos desses jovens que têm um grande desejo de aprender e realizar. “Veja - eles me dizem - um só homem, Dom Bosco, foi capaz de fazer tantas pessoas felizes em todo o mundo. É incrível!”

Fonte: ANS

 

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Última modificação em Domingo, 21 Outubro 2018 12:47

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Síria: Apenas um homem, Dom Bosco, é capaz de fazer tantas pessoas felizes

Quarta, 29 Agosto 2018 12:06 Escrito por  Mariangela Branca - ANS
Mariangela Branca, 23 anos, é proveniente de Roma, capital da Itália. Durante os meses de julho, agosto e setembro, ela participou de um projeto de voluntariado missionário no oratório salesiano de Kafroun, na Síria. A seguir, compartilhamos alguns trechos dos relatos sobre essa experiência, feitos pela jovem à Agência InfoSalesiana (ANS).    

“Benvenuta, you are welcome here! Welcome Mella, welcome!”. Estas foram as primeiras palavras que ouvi no oratório salesiano de Kafroun, na Síria, fronteira com o Líbano. Para demonstrar afeto, as crianças e jovens não se cansam de dizer “I love you!”. Um grupinho também se diverte me ensinando alguma coisa em árabe. Sou realmente uma pessoa de sorte.

 

Cerca de 250 crianças e uns 30 animadores vieram para as atividades de férias (na Síria, as férias escolares de verão são em agosto). Muitos vêm das zonas de guerra: Ohms, Alepo, Damasco. Ouço com frequência: “A minha casa não existe mais, caiu uma bomba em cima. Por sorte, já tínhamos saído”... Nestes anos de guerra, em Alepo, repete-se muito que “pelo que vi, que vivi, se não tivesse muita confiança em Deus, eu teria me suicidado”.

 

A fé é fundamental. Pergunto-me frequentemente o que posso fazer aqui, com quatro palavras de árabe que conheço e poucas habilidades. Fé, devo ter fé, repito para mim mesma. Se Deus quis que estivesse aqui, certamente há um motivo... Devo aprender da fé e da esperança das pessoas que encontro! E quando mais tenho necessidade disso, chega um “obrigado pela tua presença”.

 

A linguagem do coração

“Você parece uma de nós!”, dizem-me. A pele morena e os cabelos negros e cacheados me ajudam a criar empatia com as pessoas. Divirto-me dizendo “Ana surija halla!”, “Sou síria, agora!”.

 

Para alguns jovens, que haviam se preparado para a experiência de um mês no oratório salesiano de Madri, foi recusado o visto para a Espanha. São muito melhores do que eu em não demonstrar desilusão: “malesh”, tudo bem! “Por que você pode vir aqui e nós não podemos ir à Europa?”. Eu também sempre me pergunto...

 

Aqui vive um Salesiano italiano, padre Luciano, há quase 50 anos no Oriente Médio; e há também um Salesiano tirocinante, Mhran, sírio, mas que fala italiano perfeitamente; e nos entendemos também com Jhonny e Georgette, Salesianos Cooperadores. O resto é feito com um pouco de inglês, alguma frase minha estropiada de árabe e a beleza de falar com os olhos, com os gestos e com o coração. Não é preciso falar a mesma língua para nos entendermos.

 

O Oratório de Kafroun

Esta obra salesiana é realmente impressionante; foi ampliada com novos terraços, ganhando mais potencial, com muito espaço ao ar livre, entre os parques e o jardim. Quando cheguei aqui, em meados de julho, me deu a impressão de estar em um pequeno paraíso tranquilo em meio às montanhas.

 

Conversei com alguns animadores para saber como eles vivem o oratório e como veem a presença de Dom Bosco neste contexto: eles me explicaram que o oratório é fundamental para a união entre as crianças das aldeias vizinhas. A região não foi atingida diretamente pela guerra, mas sofreu consequências indiretas tais como a falta de eletricidade, a falta de água e o aumento desproporcional nos preços para os itens de primeira necessidade.

 

Me disseram também que, durante a guerra, tinham muito medo de que os conflitos os atingissem, porque sabiam que a situação poderia mudar a qualquer momento. Por isso os jovens do oratório se referem a esta obra como a sua segunda casa, uma casa onde se sentiram protegidos durante os conflitos e, até hoje, um lugar onde é possível esquecer os medos e os horrores.

 

Local de paz

Esta área é um lugar de paz, e serviu como refúgio para muitas pessoas que, provenientes das áreas mais afetadas não muito distantes (Aleppo, Homs, Damasco, Idlib etc.), foram temporariamente transferidas para cá. Essa “onda” de pessoas de outras cidades desestabilizou um pouco a vida cotidiana da obra, mas foi muito bem recebida pela pequena população do lugar, uma vez que conheciam os horrores dos quais seus compatriotas estavam fugindo. Naquele momento formou-se uma comunidade: alguns animadores a chamaram de “Pequena Síria”, já que era possível encontrar pessoas de qualquer parte do país.

 

Para a obra, que normalmente acolhia cerca de 150 crianças e passou a acomodar mais de 600, os ensinamentos de Dom Bosco foram muito importantes. Principalmente no início, quando não era fácil envolver todas as crianças nas atividades, já que muitas delas estavam nervosas ou inquietas pelas experiências traumáticas pelas quais passaram. Realmente o trabalho deste lugar foi milagroso e cicatrizou muitas feridas. Todos são gratos ao Dom Bosco Kafroun.

 

Há tanta esperança neste povo, visível nas reconstruções, já iniciadas em muitas cidades como Aleppo. Eu vejo a luz da esperança para o futuro, mesmo que às vezes um pouco tímida, nos olhos desses jovens que têm um grande desejo de aprender e realizar. “Veja - eles me dizem - um só homem, Dom Bosco, foi capaz de fazer tantas pessoas felizes em todo o mundo. É incrível!”

Fonte: ANS

 

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